Eu sei que é uma contradição fazer esta indicação de que és um opressor e ainda com candor te chamar de amigo. Um opressor não pode ser amigo, um opressor é aquele que põe existências e vivências em perigo. Apesar disso chamo-te de amigo, não porque sinto e vibro por ti e contigo, mas porque tenho produzido uma série de escritos, onde me dirijo aos referidos como “caro amigo”. Portanto, digo e clarifico, não és amigo, é só uma questão de estilo. Posto isto, prossigo:
Caro amigo opressor, eu estaria a falar de amor, e não de sobrevivência, se não sentisse a urgência de te avisar de que nesta nossa convivência é preciso acabar com reticências e colocar um ponto final. Afinal, o mal de tudo isto aqui está a ser causado por ti. Se eu me sinto aflito, se eu me agito, não é com o fito de parecer bonito, se eu critico, não é porque quero mostrar o meu tino, mas é porque me tratas como pedras no teu caminho, como perdas para o teu destino, como mero utensílio, tanto que o meu berro silencias. Mas, sabes, eu, eu sou humano. Olha para a minha cara, não sou um instrumento, não sou “instrumenta vocalia”, como dizia Cícero, com o seu raciocínio mortífero para pessoas como eu. Eu tenho voz, mas é para comunicar contigo, é para criar um nós, eu e tu, para amarrarmos os nós, termos luz e levantarmos voos, caro amigo opressor; não é para responder “sim senhor, sim senhor” a tudo o que cuspires cá para fora, como se eu não tivesse escolha senão colocar uma rolha e seguir a tua folha.
Caro amigo opressor, eu estaria a falar de amor e não de dor, e não de sobrevivência, se não fosse essa prensa em que, de forma intensa, me apertas, criando desavenças onde não deveria haver coisas dessas. Eu não te obrigo a que me dês um abrigo, não, eu nem quero que sejas meu amigo, caro amigo opressor, o meu pedido é só, apenas e somente só, que não ponhas em perigo a minha existência. Não precisamos de criar elos. Os teus privilégios, fica lá com eles, sim, fica, porque o que quero são direitos, direitos que me quando mos negas tornam-se privilégios, privilégios que usas como flagelos para marcar o meu corpo, o que não é decente. Por isso faço-te frente, digo e repito, constantemente, o que que exijo é que só, apenas e somente, só, não me ponhas em perigo, caro amigo.
Caro amigo opressor, quando se fala de sobrevivência é porque se está já a pedir prorrogações à vivência, é porque se está a estender a existência, é porque se está a saltar fronteiras e balizas estabelecidas para terminar a vida. Entendes? Sobre vivência, sobre, implica tomar tempo extra para a vida e um escapar do fim da linha. A lebre que escapou do lobo, escapou de encher o bojo do lobo, e ganhou dias extras para a sua vida, ganhou mais tempo de vida, sobreviveu. SOBRE VIVÊNCIA. Mas tanto a lebre , quanto o lobo, caro amigo opressor, são de espécies diferentes, e consequentemente para viver e sobreviver neste globo, um come o outro. No entanto, nós, tu e eu, debaixo deste céu, somos seres da mesma espécie. A minha existência não põe em perigo a tua existência, então, por quê essa tua insistência em colocar-me às avessas?
Caro amigo opressor, olha só, se eu fosse uma lebre e tu um lobo, até que eu entendia o jogo, mas isto é um nojo porque só ages com dolo de maneira a deixar-me ansioso e choroso, não porque te sentes mais feliz. E nem sei se te faz menos triste, pois o meu sofrimento nada te diz, pois muitas vezes sequer sabes que eu existo, mas simplesmente fazes isto porque podes, e fazes porque podes, e fazes porque podes, e fazes porque podes, e ahhhhhhh, foda-se! Outras vezes só me fodes porque és um ignorante petulante que se acha gigante, e queres esconder a tua pequenez e a mesquinhez da tua vida vazia, criando dificuldades infinitas a pessoas a quem nem dirias um bom-dia e que, por conseguinte, também não te cumprimentariam. Mas com requintes de malvadez, lá vais tu, uma vez e outra vez e mais vez, a maltratar pessoas que só querem viver.
Enches a boca todo facundo a dizer que é assim o mundo, e que no fundo não és imundo, que és só fruto deste conjunto onde uns vivem como defuntos e outros como coveiros. E tu te achas porreiro, achas que na corrida chegas primeiro, porque, “Olha!, é a seleção natural. A sobrevivência do mais apto. Não fui eu que fiz as regras, portanto, não sejas parvo, ou tu te integras e sê o que o mundo deseja, ou negas as regras e vives na merda”. Mas, hey, caro amigo, o jogo está perdido desde o início, porque é um jogo iníquo de quem tem o maior umbigo.
Vou-te dizer, caro amigo opressor, que a seleção natural afinal, não é assim tão cruel, que não sobrevive o mais apto, porque a sobrevivência não é individual, mas coletiva. Os lobos, por exemplo, andam em matilhas, mas não são quadrilhas que pilham e empilham egoistamente para se sentirem em cima, não, não são. Andam em alcateias onde a ideia é de se protegerem e garantir almoço e ceia para todos. Eles não comem a própria espécie. Eles não matam por malícia, eles não maltratam os outros seres. Por isso, caro amigo, ouve o que digo, as tuas ações são tudo, e podem ser tudo, contudo, não são processos de seleção natural. A sobrevivência não vem unicamente da tua aptidão, mas da colaboração. O que podes fazer tu sozinho sem os teus vizinhos? Não sejas mesquinho, não ponhas outros em perigo só porque te sentes pequenino.
Caro amigo opressor, os teus atos não se configuram como questão da sobrevivência porque ninguém te maltrata, ninguém te ameaça. És um bully só porque és um bully. Destróis os outros para te sentires importante, mas continuas a destruir porque depois de agir, sentes-te tão insignificante quanto antes, por isso é que continuas a tua cruzada ignorante em busca de um significado estimulante.
Caro amigo opressor, será que não sentes dor? Vestes diferentes peles quando vens cá fora para oprimir, enquanto me magoas às vezes ficas a sorrir, os preconceitos que jogas só servem para ferir, pois os efeitos que provocam não faz nada reluzir; não melhoram a tua vida, mas fazem mal à minha. Não ganhas nada com a bosta que jogas, mas vives preso nessa ilusão onde te arrogas de ser o dono disto tudo, e nem percebes que é uma prisão e que a tua fome de me deixar mudo, a tua ideia de plantar medo, e que a ideia desse vosso grémio de controlar os remos, como se fossem ganhar algum prémio, é ela mesma umas algemas, uma prisão e uma regra que te controla. Eu vivo numa prisão, mas tu também vives numa prisão. Se ao invés de falarmos de diferenças, falarmos de divisão, se ao invés de aceitarmos as diferenças, insistirmos na separação, nunca quebraremos as grades das nossas prisões, por isso o que é necessário é que promovamos a comunicação… porque, a comunicação é comunhão, a comunicação é união, a comunicação quebra a opressão.
Caro amigo opressor religioso, eu fico ansioso e receoso quando tu usas todas as possibilidades de comunicação para criar divisão, por exemplo, mesmo a religião, que significar religar, tu usas para colocar os outros em submissão, para marcar os bons e os que não são, para te armares no TAL, e naquele em qual se deve depositar a fé cega, enquanto pregas a tua visão vesga que nega dignidade e humanidade a quem não se verga às tuas regras. Onde está o religar nisso? Preferes religar-te a uma entidade abstrata em nome do qual falas, e em nome do qual calcas as pessoas que te abraçam, e matas as pessoas que não te abraçam, em vez de te religares à humanidade que é concreta e às pessoas que têm na sua meta apenas ser feliz? Vá lá, diz, seu pateta, qual é a coisa certa? Caro amigo besta… besta… desculpa, opressor… não importa o nome do deus para o qual rezas e faças oferenda, pode ser Alá, Javé, Buda, ancestrais, ayauhasca, Cristo, Krishna ou Kris Kross, pode ser o dinheiro, o teu país, a teu partido, o teu clube ou a tua ideologia… quando ao invés de unir a malta, a tua religião as separa, então eu digo-te de cara: “Para, para, para, e não dispara mais ódio, para e repara como é óbvio, que o teu deus não é amoroso”.
Caro amigo opressor homofóbico, não venhas falar de amor, quando usas a orientação sexual de alguém, ou o seu género como uma arma contra esse alguém, enquanto te armas em pessoa de bem e em defensor de bons costumes. Quais costumes!, quais estrumes! Por mais que costures e infundes e promulgues essa ideia de que sabes a coisa certa, de que só segues a natureza, de que ages em sua própria defesa, todos sabemos que é treta. Se gostas assim tanto da natureza, porque não andas nu como os animais? Porque fazes tantas regras e todas estas merdas que só a ti beneficiam? Vens e falas de família, mas andas em vigília para que outros não tenham a sua, citas até a bíblia e esfalfas-te que até suas, enquanto dizes que queres proteger a tua, tirando os direitos a gentes que acuas com os teus preconceitos. Quando casais gays querem formar família, e pedem que haja leis que os proteja nessa lida, entende uma coisa: não é sobre ti, não é sobre a tua família, é sobre eles e a família deles. Não tem nada a ver contigo, por isso, relaxa e continua a olhar para o teu umbigo e deixa-os em paz, caro amigo. Quando alguém reclama o direito de exercer a sua sexualidade e de afirmar o seu género, esse alguém não está a exigir que tu te tornes o mesmo que ele, ele não quer mexer na tua sexualidade, ele quer apenas poder ter o direito de manifestar o seu amor e o seu amor-próprio, nos mesmos espaços e nos mesmo passos que tu, não é para passar por imbróglios ou ser chamado de impróprio por ti. Por exemplo, achas que é certo que nove polícias, nove, ouve, nove!, venham sem pejo acabar com o “sacrilégio” de duas mulheres aos beijos no Jardim do Arco do Cego, quando casais heterossexuais fazem demonstrações quase pornográficas em tudo o que são praças?
Caro amigo opressor branco, não uses a minha cor para me dizer do que sou ou não merecedor. Sabes, gentes da minha cor, tal como gentes referidas no parágrafo anterior, foram e são especialistas em sobrevivência, mas a minha meta não é ser sobrevivente, mas ser um ser vivente e consciente da sua vivência, sem ter de pedir anuência para existir no mesmo espaço que tu. Primeiro negaste até mesmo a minha existência, quando, com arte, desde então a esta parte, repetias a frase de Descartes: “eu penso, logo existo”, numa altura em que o dom do pensamento era negado ao preto. Não digo que Descartes era racista, mas falava de luz, à luz de iluministas racistas. O preto não podia existir, porque não pensava, caramba, o ser preto nem sequer tinha história, como disse o Hegel; aliás se o preto não tinha sequer uma alma, como seria possível ter uma história, como podia “ser” sequer? Estas frases inglórias parecem coisas de uma memória distante, coisas de antes, não de agora, mas aqui te digo, caro amigo, que a prática vigorante é semelhante à de antes.
Caro amigo opressor europeu, juro pela terra e pelo céu, que não te entendo, não te entendo… mas pretendo, acredita que pretendo mesmo… tu afirmas sem tento no pensamento que a cultura europeia (sei lá de onde tiraste esta ideia) é a melhor cultura de todas. Mandas bocas, escreves notas, gritas de forma louca, até a voz ficar rouca, de que a Europa é o melhor sítio do mundo, com a melhor cultura do mundo, mas depois achas que é um absurdo gentes de outros mundos virem à Europa à “procura desse culto superior”? Se é assim tão superior, porque estás com tanto medo? Não devias ficar mais ledo e cedê-lo aqui dentro? Mas se enfias o teu credo no teu próprio rego, é porque estás certo que não é superior. Nenhuma cultura é superior a nenhuma cultura, todas as culturas têm as suas cagadas e os seus acertos, porque todas nascem de interações humanas e nós humanos não somos perfeitos. Tu, que roubas expressões culturais de outros povos, que saltas mares para impor o teu pensamento a outros povos, quando esses povos saltam mares e chegam a ti, ficas com medo, talvez porque te julgas frágil ou não coeso, e é por isso que andas tenso com gentes que gravitam outros centros quando as tens por perto. Mas vou dizer-te, a cultura não é estática, a cultura não é estática, a cultura não é estática… os povos também não são. E o mundo não é teu, caro amigo opressor europeu. Crias problemas noutros países, destróis-lhes as raízes, deixa-los aflitos com guerras feitas por armas que produzes e distribuis, mais ainda atribuis os problemas deles apenas a eles, sendo que és tu que contribuis para que nunca vivam em paz. Mas como se não fosse nada de mais, ainda vens falar de que és o único capaz de promover paz e direitos humanos, quando dentro das tuas fronteiras e nos teus mares se afogam milhares de humanos desterrados. Há uns poucos anos, enchias a boca com agrado para falar mal do Trump e do muro americano, dizendo que o bacano é um asno… bem, nesse plano estamos concordados… mas tu e a tua União Europeia que não se apeia da sua arrogância, parece que vivem na ignorância de que na Espanha, em Ceuta, espaço colonizado dentro do próprio continente africano, há um muro ainda maior, barreiras gigantescas com arames farpados, e de forma quixotesca guardadas pelos próprios africanos… construídas pela Espanha e pagas pela União Europeia. Realmente tens uma manha que está para além de feia.
Caro amigo opressor guineense, dizes que sentes que ninguém te entende, mas é mentira, toda a gente te entende, toda a gente compreende que vendes e prendes o sonho de toda a gente porque és um reles presidente e governante com a mente demente e colonizada, e que à tua frente só vês ensejos de transferir traumas e oprimir almas porque a tua foi uma vez tiranizada. Falaste mal dos colonialistas, falaste que eram racistas, falaste que não tinham em vista contribuir para o bem-estar das populações colonizadas, por isso era preciso que fossem corridos do país, para que a população pudesse ser feliz e eu concordo contigo aqui. Todavia não entendo e nunca entendi esse teu impulso de repetir as mesmas práticas nojentas. “Os tugas foram-se embora, ficaram os tugas da terra, e o imperialismo ainda prolifera”, disse o Mama Djombo há muito tempo, e ainda se vê isso neste momento. Caro amigo opressor guineense, dizes que por seres presidente podes mandar matar gentes, podes mandar prender gentes, porque és o único chefe e o todo o país te pertence, e quem não tomar cuidado com o seu corpo, tu vais cuidar dele. Oprimes o teu próprio povo, enquanto repetes aquele canto que não é novo de que a culpa é sempre dos outros, porque tu, ó desditoso, fazes tudo para o teu povo. Mas enquanto governantes e deputados levam dinheiro público para gastar nos hospitais europeus, e os pobres sem cuidados caem mortos nos passeios dos hospitais, há grávidas a dar à luz a céu aberto, e tu achas isso certo. As escolas públicas não funcionam há muitos anos, mas tu tomas com agrado milhares de euros do nosso erário para enviar para os teus filhos para estudarem na Europa, pagas férias às tuas amantes na Europa e ainda enches a boca para dizer que estás a preparar um futuro para a futura geração. De facto não tens noção! De facto não tens coração! És um ser desalmado.
Caro amigo apressor ativista, o mundo existe para além do teu ponto de vista. Eu entendo que a tua luta é justa, confesso que me revejo na tua luta, mas peço-te que não uses a tua luta em disputa com a minha luta. Não tens de apoiar a minha, mas não a atrapalhes. E lá por usares o título de ativista, não julgues que és uma pessoa divina e automaticamente digna e que assim ficas para lá das críticas. Quando usas a tua luta como uma capitalista, para melhorar a apenas a tua vida, quando achas que todas as lutas gravitam à volta do teu ponto de vista, só estás a reproduzir padrões opressores, só estás a substituir os opressores que criticas de forma cínica e quase hipócrita, porque ao invés de te juntares aos outros contra o inimigo comum que é o capitalismo, queres apenas ser o número um e ficas seduzido pelo brilho dos mais de quinze minutos de fama. Lava a tua alma, ó ativista, lava a tua alma e pensa, como podes lutar contra o racismo, quando és machista? Como podes lutar contra a homofobia quando és racista? Como podes ser feminista e não racista quando és homofóbica? Como podes fazer firmar o feminismo, tu, feminista, se ainda atacas outras mulheres porque defendem diferentes pontos de vista? Caro amigo opressor ativista, só porque tens uma luta, não faz de ti uma pessoa justa.
Caro amigo opressor capitalista, és tu o problema de tudo o que foi dito acima, és tu que adoras dividir o mundo para continuar sentado no teu trono imundo a brincar com a vida das pessoas. Eu tinha muito para te falar, mas prefiro conversar com os outros que estás a maltratar, para que nos unamos contra os teus enganos.
Caro amigo opressor EU… não é porque reconheço os meus privilégios que os outros ganham direitos, e que logo posso dizer que eu estou certo… não é porque reconheço os erros dos outros é que quer dizer que não faço erros… não é porque vejo os desejos abjetos despertos por certos objetos é que quer dizer que eu não os tenho… não é porque organizo festas, vou a marchas, escrevo textos, faço oficinas, sou isto, sou aquilo, tenho amigos isto, tenho amigos aquilo, é que não sou opressivo e não reproduzo comportamentos opressivos… tenho de ter candura para que a minha luta não se resuma em: a minha opressão é melhor que a tua!… Caro amigo opressor EU… como sinto neste momento este aperto em falar comigo mesmo e não vejo os meus erros porque estão nos meus pontos cegos, é assim que todos somos como humanos… Caro amigo opressor EU, por isso, devo aprender mais a usar a empatia…
Caro amigo opressor, aposto que em algum ponto da tua vida, tu sofreste alguma injustiça. Então, usa isso como premissa para refletires sem preguiça como as outras pessoas sentem quando são injustiçadas. Usa as forças da tua alma e tenta ver os outros sobre outra perspetiva. A isso se chama de empatia. Pratica a empatia, é uma tarefa do dia-a-dia. Às vezes a empatia fatiga, mas beneficia a tua vida, faz as relações tornarem-se mais vivas e mais lindas, e até dá razia à propensão doentia de fazeres ofensivas vazias a outras pessoas no dia-a-dia. Pensa na empatia em termos de medicina: “Uma dose de empatia por dia, nem sabes o bem que te fazia”.
Caro amigo opressor, queria falar contigo de amor, não de sobrevivência, não de sobreviver. Não de sobreviver… sobre viver… sobre a vida… Sobrevivência… sobrevive-se… de sobra vive-se… na sombra vive-se… no assombro do sopro que sobra da sombra, vive-se, fugindo da chama que nos apaga a brasa nesta saga chamada vida. O pessoal sobrevive… o pessoal sopra e vive… o pessoal sopra essa chama que nos amolga a calma e amalgama a alma com o seu magma que ou derrete ou petrifica coisas específicas da nossa vida. O pessoal vai, anda, o pessoal vai, avança, o pessoal avança e levanta a cara e encara e agarra e estraga essa garra que nos esgana a gana de ser mais do que um número nas estatísticas, que nos mantém nesta maré de ondas cíclicas, a boiar no nosso próprio medo, que não dá seio aos nossos anseios, mas usa-os como recheio, cruza-os no nosso meio, para que seja o sustento do nosso desalento. Mas, o pessoal acorda, sacode o corpo, porque o copo não está nem meio cheio, nem meio vazio, porque simplesmente não temos um copo. As nossas lágrimas de sede enchem o teu copo, caro amigo, opressor, lágrimas de dor que nos lavam a face, que nos provocam catarses, mas não nos refrescam. Por isso, caro amigo opressor, não falo mais de sobrevivência, mas falo da SUPER_vivência, falo da META_vivência, a minha existência e a minhas lutas contra as tuas posturas injustas, não serão apenas para salvar o meu ser no meu tempo, serão para servir de exemplo e pavimentar caminhos e reduzir espinhos aos outros que ou vêm comigo, ou vêm atrás, para saberem que não estão sozinhos. Tal como os vários imortais que mataste, caro amigo opressor, mas que SUPER_viveram à tua tentativa de chacinar a justiça, vou tentar que pelo menos uma ínfima ação da minha vida sirva para te SUPER_viver. As minhas ações nunca mais serão meras reações às tuas opressões. As minhas ações serão questões que darão respostas às tuas opressões.
Mas caro amigo opressor, com todo o amor, sobre a vivência, sobretudo, sobre tudo, o que te recomendo é isto: “Uma dose de empatia por dia, nem sabes o bem que te fazia”.
Thanks to Maria Beatriz Pedrosa for proofreading the text.